“Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” Efésios 3:14
Todos temos nossa agenda pessoal de oração. Há sempre algo que esperamos que o Senhor faça por nós. É essa agenda que costumeiramente organiza nossa “vida de devoção”; é essa agenda que nos motiva a clamar a Deus por respostas. A relação de petições é a mais variada, e vai desde a cura de uma enfermidade grave, até mesmo a resolução de um conflito amoroso; outros se arriscam a pedir aumento de salário, o êxito nos negócios, a entrada na universidade e pode até mesmo chegar ao absurdo de um pedido de justiça, carregado de vingança. O que todas as petições normalmente têm em comum, é o objeto de nossa preocupação: nós mesmos. Portanto, trata-se quase sempre de orações norteadas por um sutil egoísmo, disfarçadas de piedade e até mesmo de santidade; pois na verdade, não seríamos capazes de empreender a mesma peregrinação de suplicas por outro alguém que não fosse nós mesmos; talvez, na melhor das hipóteses, suplicaríamos por alguém que amamos, o que naturalmente transforma a petição pelo outro, numa petição de nosso interesse.
Alguém poderia se perguntar? É errado buscar a Deus por minha vida? Eu diria: não, claro que não. A Bíblia está cheia de conselhos para buscarmos a Deus sobre todos os aspectos da vida. Aliás, se queremos uma caminhada segura nesta vida, devemos considerar tudo diante de Deus e esperar por respostas, antes de nos aventurarmos pelos atalhos e descaminhos. O apóstolo Paulo, falando aos Filipenses nos dá um conselho tremendo a esse respeito, quando diz: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.” Filipenses 4:6. O próprio Senhor Jesus, nossa maior referência de vida, nosso padrão, nos motiva a percorrermos o caminho da oração: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mateus 7:7. Então, certamente não é pecado orarmos por nós mesmos. Mas a pergunta que precisa de resposta é: Seríamos capazes de orar com a mesma obstinação, com o mesmo entusiasmo, com a mesma fé por alguém que não seja nós mesmos? Talvez ousemos dizer que sim! Mas o que se revela na prática, no campo da oração é um cenário cheio de particularismos, de interesses diminutos e até mesmo mesquinhos, pois quase sempre saturamos os ouvidos do Pai com nossos “fetiches”, nossos desejos e devaneios capitalistas, com nossas necessidades imediatas e temporais, com nossas buscas por uma tal “felicidade”, seja no amor ou no dinheiro.
Raramente encontraremos pessoas lotando os templos, em busca de Deus, nas tantas campanhas ou correntes de oração, ofertadas nos mais diversos endereços, com uma preocupação genuinamente altruísta. Não é comum templos serem lotados para se buscar a Deus pelos famintos, pelos desempregados, pelas minorias sociais, pelos meninos de rua, pela salvação dos perdidos, pela resolução das grandes desigualdades sociais, pela paz na cidade, pela edificação e testemunho da igreja, pelo conflito no Oriente Médio e tantos outros motivos. Mas o que lota os templos são campanhas que massageiam nosso ego, que nos prometem saúde, prosperidade financeira, sucesso profissional, ascensão empresarial, casamento feliz e tantos outros. Deveríamos buscar a Deus por essas razões que dizem sobre nossas angústias, medos, sonhos e expectativas, mas não poderíamos nos esquecer que existem muitas outras razões para nos dobrarmos diante de Deus em oração, que vão além de nós mesmos.
Paulo, afirma “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” Efésios 3:14. O que temos em destaque nesse versículo é a motivação do coração do apóstolo ou ainda, a razão que o levava a dobrar-se diante de Deus. O que o movia a orar, não era sua agenda pessoal, mas a edificação da igreja em Éfeso. Existem muitas razões para orarmos, mas deveríamos aprender o caminho da intercessão, o caminho da oração que contempla alguém além de nós mesmos, o caminho da oração que percebe as necessidades para além dos limites de nosso bem-estar. Como afirma Oswald Smith “A forma mais excelente de serviço cristão é a oração intercessória.” A intercessão nos leva a experimentar um pouquinho do caráter de Cristo e a entender, mesmo que minimamente, como funcionava o Seu coração. Quando nos tornarmos capazes de investirmos tempo em oração por alguém que não seja nós mesmos, não precisaremos nos preocupar com nossa agenda, pois Deus cuidará dela. A Bíblia diz: “E o SENHOR virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o SENHOR acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.” Jó 42:10. Nossos “cativeiros” podem ser virados pela intercessão.
“A forma mais excelente de serviço cristão é a oração intercessória.” (Oswald Smith)
Pr. Hilquias