terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Cultura "Self Service" e a CRUZ

“Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” Gálatas 1:8


Todos conhecemos a expressão Self Service, que nada mais é que Serviço Próprio, ou de Si. Trata-se de uma tendência que extrapola a categoria dos restaurantes ou comércios afins; na verdade, tornou-se um estilo de vida, uma forma de existir neste tempo, que tem como prerrogativa a exaltação do EGO, a centralidade da vontade humana acima de qualquer coisa. Se por um lado, este estilo de vida tem a máxima da liberdade, nos favorecendo com o poder da escolha de consumir o que queremos, por outro, nos perdemos quanto aos limites, uma vez que o único referencial é a nossa vontade, empobrecendo o senso de coletividade e de pertença. Talvez você se pergunte, o que isso tem haver com a fé? Eu diria: TUDO. Infelizmente, como já afirmado, o estilo Self Service tornou-se uma forma de existir e é obvio que afetou diretamente o campo da fé. Não queremos nada pronto, nada imposto, nada que seja sinônimo de autoridade ou de absoluto; queremos “montar nosso prato” da forma que nos agrada, que massageie o nosso ego obcecado por prazer. Não queremos mais uma igreja que nos diga o que fazer; não queremos uma homilia que nos constranja quanto às nossas práticas (que nem mais chamamos de pecado); não queremos o caminho da renúncia, da submissão, da CRUZ. Queremos um evangelho fácil, que nos sirva, que nos favoreça, que se encaixe em nosso projeto de vida. O grande problema é que a cultura Self Service caminha na contramão do Evangelho de Cristo, pois este é o ABSOLUTO de Deus para nós, não negociável, não ajustável ao nosso bel prazer, não mutável. Não podemos comer o prato que queremos, apenas o PÃO DO CÉU. O Evangelho de Cristo está acima de nossas vontades, na verdade, ele confronta a nossa vontade, põe em check nossos insanos sonhos, nossos planos e nos apresenta a Vontade de Deus (boa, agradável e perfeita) nos corrigindo das distorções adâmicas que ainda nos afetam. Não tente “montar seu prato”, pois no “cardápio” de Deus, não tem espaço para o nossos apetites vorazes, mas consta apenas um item: JESUS CRISTO. E se alguém te apresentar outro evangelho, mesmo que seja um anjo, considere-o maldito, pois não podemos construir um Evangelho à nossa imagem, conforme à nossa semelhança. Não é o Evangelho que tem que se encaixar em nossa vida, mas ao contrário, nós precisamos nos encaixar aos padrões de Deus. Como afirma o apóstolo Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gálatas 2:20

Que o Senhor nos ajude!

Pr. Hilquias Fábio



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Milagre de Mão-Dupla


“E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” Marcos 10:51-52

Existem várias definições de milagre, mas se eu pudesse eleger uma, eu diria que milagre é a potente ação de Deus diante de nossas impotências. O milagre chama à atenção para Deus, para a dispensação de seu favor. Mas o que normalmente não se percebe, quando se busca o milagre, é que todo milagre é de mão-dupla, ou seja, envolve Deus e o homem. O milagre não anula o homem, apenas o põe no seu lugar, pois somos por natureza marcados por muitos limites e fragilidades. Se de um lado existe um Deus que deseja nos alcançar com sua graça, do outro lado faz-se necessário que exista um homem que queira ser alcançado e esteja engajado com Deus no milagre. Bartimeu era cego e é obvio que tudo o que ele queria era enxergar, mas Jesus lhe pergunta: “Que queres que te faça?”, em outras palavras, Cristo estava dizendo que o milagre passava por Bartimeu e o envolvia diretamente no processo, sem anulá-lo. Alguns poderiam afirmar que a pergunta feita ao cego foi desnecessária, pois o Senhor que sonda o coração, sabia o que Bartimeu procurava. No entanto, a pergunta não era para desvendar o desejo do coração desse homem, mas muito além, para envolvê-lo no milagre. Nossas escolhas, definem se Deus entre ou fica de fora. Deus não vai curar algo que não lhe entregamos, pois o milagre está no caminho da rendição, da entrega. Ao declarar: “que eu tenha vista”, Bartimeu estava afirmando que era impotente para resolver sua demanda, mas que reconhecia em Cristo, esse poder que lhe faltava. Se o milagre é de mão-dupla e a parte de Deus é realizar o impossível, certamente a nossa parte é a entrega. Parece simples, mas a entrega é um dos maiores desafios no caminho do milagre, uma vez que somos tendenciosos a ficarmos agarrados ao problema, e travarmos lutas horríveis dentro de nós. Como diz o Senhor: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmos 46:10), parem de lutar dentro de vocês, como se tudo dependesse disso. Deus deseja cuidar de você, mas é preciso rendição: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.” (Salmos 37:5)

Pr. Hilquias Fábio


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

“Da Minha Vida Cuido Eu”


“Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.” 1 Timóteo 3:7

A destituição gradativa e sutil das figuras de autoridade em nossa sociedade tem provocado o desaparecimento da salutar prestação de contas. Se em um primeiro momento tínhamos “senhores” e a estes devíamos submissão, obediência e transparência; nesse momento, o que temos como valor balizador das relações é a autogestão da vida, pois nos tornamos senhores de nós mesmos e afirmamos, como homens livres que acreditamos ser: “da minha vida cuido eu”. Não admitimos mais que nossas escolhas, postura diante da vida, valores, crenças sejam julgados ou sujeitos às opiniões alheias. Se “a vida é minha” e “dela cuido eu”, logo surge como valor implícito, a dificuldade em me perceber como parte de um grupo, pois a única ótica possível é a da vida não tutelada, mas livre de amarras e julgamentos. Fazendo uso de um pensamento de Lévi-Strauss: “O Ego humano nunca é autônomo, não existe um “Eu” que seja parte de um “Nós” e, de fato, todo e qualquer “Eu” é um membro de muitos “Nós”. Em outras palavras, só existimos no encontro com a coletividade e alienar-se desta realidade é se desumanizar. O que tudo isso tem haver com o conselho do apóstolo Paulo à Timóteo? Eu digo que tem tudo haver, pois o desafio de ter um bom testemunho para os de fora, significa afirmar que a opinião daqueles que me cercam é importante, ou mesmo, indispensável para a fé cristã e isso tem a implicação direta de prestação de contas do que faço. O meu testemunho é um grande divisor de águas entre ser um instrumento de salvação ou escândalo (e consequentemente perdição). Cristo não é conhecido por meio de discursos inteligentes ou oratórias eloquentes, mas pelo o que Ele é em nós, por sua vida e manifestação em nós e disso temos que testemunhar. Estamos sujeitos a muitos olhares, a observações cuidadosas e uma expectativa de Deus a nosso respeito é que, olhando para nós, o mundo possa ver seu Filho Jesus Cristo. Isso não quer dizer que somos cativos da reputação ou da opinião alheia, mas que a consideramos; e que sobretudo nos importamos com a opinião de Deus a nosso respeito. O que sou diante de Deus, tem implicação direta na minha vida publica, logo, no meu testemunho. Não somos livres para fazermos da vida o que bem entendermos, pois não nos pertencemos a nós mesmos, pois “por bom preço fomos comprados”  (1 Coríntios 7:23ª). Somos de Jesus, logo não somos senhores de nós mesmos, mas escravos da graça de Deus, convocados à testemunhar. Como discípulos de Cristo, somos desafiados a abdicarmos de nossa  vontade imperfeita e acatar a vontade de Deus, absoluta e perfeita. O verdadeiro discípulo, é aquele que devolve a Deus toda a sua liberdade e vive não mais ele, mas Cristo nele. Da nossa vida cuida Deus!

Pr. Hilquias Fábio

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Espiritualidade de Corpo e Alma



“Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele” Lucas 10:33,34

     Uma das grandes denúncias contra a religião foca no seu poder de produzir pessoas alienadas. Mas o que é um alienado? O alienado é o sujeito que sem perceber transfere o domínio de si a outros e abre mão da razão, da capacidade de questionamento, de julgamento. De forma mais específica, a alienação religiosa transforma os sujeitos, em sujeitos improdutivos e desvinculados da realidade que o rodeia; focando apenas no transcendente, na fé abstrata, no “divino” que exige exclusividade, roubando-lhe o privilégio de envolver-se com os desafios do aqui e agora, de tocar pessoas com graça e socorrê-las em amor; porque tudo o que importa é o “mundo espiritual”. De forma geral, essa denúncia contra a religião tem respaldo na vida prática, pois todos os dias o que se pode perceber é que quanto mais religiosa uma pessoa se torna, menos com um humano ela se parece, pois o seu olhar destina-se apenas a “deus” e em um movimento contrário, recusa-se a ver e perceber pessoas. Na história das religiões, pode-se notar que sempre existiu uma forte tendência à experimentação de uma espiritualidade de “alma”, que privilegia as coisas da “alma”, portanto, as coisas abstratas, transcendentes, subjetivas. Mas na mesma história das religiões, de forma geral, a “espiritualidade do corpo” foi negada. Mas o que diz Cristo? Que espiritualidade o Senhor dos senhores propõe? Para começar a responder, é bom que se afirme que Cristo nunca se propôs a fundar uma nova religião, ou um novo conjunto de dogmas e nunca defendeu uma fé alienante, que tornassem pessoas cegas quanto aos gritos de socorro da humanidade. Pelo contrário, Cristo nos propõe um estilo de vida, orientado por uma “espiritualidade de corpo e alma”, em que o transcendente e as coisas imanentes, visíveis, concretas encontrassem equilíbrio e harmonia. Por definição, Deus é Espírito (João 4.24), mas Ele se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória (João 1.14). Foi com o corpo que Cristo revelou-se como “Emanuel” ou “Deus conosco”; foi com o corpo que Cristo foi ao encontro de pessoas enfermas, possessas, desesperançadas, enlutadas; foi com o corpo que Cristo revelou seu grande amor ao mundo, morrendo na cruz do calvário. Não obstante a essa realidade, Cristo também viveu, como homem, uma fé transcendente, sobrenatural. Fez isso quando deixava a multidão para buscar a face do Pai; quando deu ordens ao mar e ao vento, quando discernia o coração humano etc. A espiritualidade de Cristo é a conjugação perfeita entre corpo e alma. Negar o papel do corpo na fé cristã é abraçar a visão mais alienada do cristianismo, mas negar a alma é tornar a fé um elemento concreto e passivo de racionalização, e isto a fé não é. O que Cristo então nos propõe? Certamente uma fé de corpo e alma. A parábola do bom samaritano ilustra bem o que estou dizendo. A história conta que um homem foi atacado por assaltantes, e depois de ter todos os seus bens roubados, sofreu tamanha violência que caiu ao chão quase morto. No caminho passaram um sacerdote e um levita, os homens da fé, os religiosos que falavam em nome de “deus”, mas estavam comprometidos demais com seus afazeres no templo, no exercício de seus devidos ofícios “espirituais” ou “ofícios da alma” que foram incapazes de parar e socorrer o homem ao chão. Que fé é esta que me põe em contato com Deus, mas me distancia das pessoas e seus gritos de socorro? Que fé é esta que abre meus olhos para ver Deus e me torna cego para ver o meu próximo? Eu diria que esta fé fundamenta-se numa espiritualidade de “alma” em que apenas o transcendente me importa e que leva o corpo dos “homens de fé” para longe da prática do amor. A parábola conta que apenas um homem parou e socorreu e este era samaritano, uma “raça” tida como menos espiritual pelos judeus e não merecedoras das dádivas divinas. Curiosamente, foi exatamente este samaritano que soube harmoniosamente manifestar uma fé equilibrada, de “corpo e alma”. Não faz sentido um cristianismo que aliena as pessoas em templos, tornando-as enclausuradas e consequentemente improdutivas no Reino de Deus. A verdadeira espiritualidade cristã, nos leva ao nosso quarto, nos faz dobrar nossos joelhos em oração e buscar o Pai que vê em secreto; mas também nos faz levantar desse mesmo quarto e dizer para o Pai: “Eis-me aqui, pode me usar”, pois meu coração é teu, assim como meu corpo está para o teu serviço, pois sou templo do Teu Espírito. A verdadeira espiritualidade cristã, não aliena, mas nos põe em contato com o nosso próximo e nos permite revelar por meio de ações, graça e amor divinos. A verdadeira espiritualidade nos leva a fechar os olhos pra ver Deus, mas também me faz abrir os olhos pra ver o que Deus quer realizar nas vidas que me cercam, através de mim. Nossos olhos, mãos, pés, coração, enfim, nossos corpos são instrumentos de Deus na terra. É usando o nosso corpo, que o Senhor vai socorrer pessoas, abraçá-las, ampará-las, ensiná-las a verdade, consolá-las, corrigi-las etc. Qual é a sua espiritualidade? Se pudermos pensar em uma espiritualidade ideal, esta certamente será de “corpo e alma”. Como a Bíblia nos ensina em Tiago 1.27, a religião pura para com Deus envolve socorrer pessoas, sejam estas, viúvas, órfãos ou qualquer que necessite de socorro. Como templos do Espírito Santo, fazemos missões intercedendo, mas como crerão se não há quem pregue, é preciso também ir; precisamos interceder pelos famintos de pão, mas o pão precisa chegar a quem tem fome; precisamos interceder em oração por crianças que sofrem violência dentre de casa, mas é preciso abrir a boca e denunciar, é preciso prestar socorro, amparar. O Reino de Deus veio trazer mais que uma boa notícia, veio trazer vida na vida. “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.” Romanos 8:19

Pr. Hilquias Fábio


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Fé Integral


“Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” 1 Timóteo 2:8

O evangelho de Cristo sempre apontou para a integralidade da fé; até porque uma fé fragmentada, um coração dividido, um sujeito de muitas faces, uma vida de duplicidade nunca foi meta de Deus para nós. Mas numa sociedade de espetáculo, o que vale é a estética das coisas e não a essência das mesmas; o que conta são as representações no palco, a atuação ou o faz de conta, e não o caráter do sujeito que atua. Se a máxima é atuar, representar, fazer de conta, então, faz sentido a busca de uma identidade mais versátil, mais flexível, capaz de ser um pouco de tudo e atender, mesmo que esteticamente, as muitas demandas sociais; na família, no trabalho, na igreja, nos relacionamentos de amizade etc. Mas, a grande questão é que a lógica do Reino de Deus, quebra com esse modo de funcionamento “versátil” e nos propõe a entender, internalizar e sobretudo viver a verdade, a verdade de uma fé integral, que nos remete à vida de total transparência, diante de Deus e dos homens. Paulo, escrevendo ao jovem pastor Timóteo, expressa essa preocupação, propondo aos homens que orem em todo lugar, que levantem mãos santas, mas que isso reflita a verdade da fé cristã, que nos conduz ao caminho do acordo, da reconciliação, do perdão, da capacidade de amar acima de tudo; em outras palavras, Paulo afirma: orem, levantem mãos santas, mas que o coração esteja livre de ira ou contendas. Para Deus, o que conta não é o palco, em que representamos os papéis idealizados por nós ou pelos outros, mas quem somos com cara descoberta. Não adianta levantar mãos, como expressão de adoração ou “mãos santas” como afirma Paulo, se no campo dos relacionamentos somos incapazes de pôr à prova nossa fé e justificar pelas ações reconciliadoras nossa aliança com o Deus da reconciliação. Se não tomarmos cuidado, podemos ser tomados pelo sagaz engano, em acreditar que nossa fé só inclui Deus e nós. Na verdade, a verdadeira fé cristã, não celebra a individualidade, mas a coletividade, pois Deus quis pra si, uma família de muitos filhos. Alguém poderia perguntar: O que minha fé em Deus tem haver com as pessoas? Ou ainda: O que meus relacionamentos tem haver com o Reino de Deus? Eu afirmaria, a partir do pressuposto da fé integral, que tem tudo haver. Não tem Reino de Deus, se pretensiosamente levantamos “mãos santas” para Deus, se as mesmas mãos não abraçam, não acolhem, não afagam, não expressam perdão, não aproximam, não socorrem. O Reino de Deus extrapola e muito a minha relação exclusiva com o Eterno; inclui pessoas, e pessoas com as quais preciso expressar amor e viver bem. Somente pessoas bem resolvidas em seus relacionamentos, livres de mágoas, iras, ressentimentos ou contentas podem levantar “mãos santas” em adoração a Deus. Como afirmam as Escrituras: Se alguém diz: “Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” 1 Joao 4:20. Não adianta representar uma fé que impressiona no templo, no levantar das mãos à Deus, se minhas mãos não tocam com graça e misericórdia àqueles que me cercam; se sou incapaz de tolerar, em amor, as diferenças dentro da  família, do ambiente de trabalho ou mesmo na igreja. Para muitos, é tempo de sair do palco, parar de representar e amar de verdade, a Deus e ao próximo, pois “aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” 1 João 4:8. Oremos em todo lugar, levantemos mãos santas, sem ira, nem contenda.

Pr. Hilquias


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Andar com Deus

“Pela fé Enoque foi arrebatado, de modo que não experimentou a morte; "ele já não foi encontrado porque Deus o havia arrebatado", pois antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha agradado a Deus.” Hebreus 11:5


Existe um velho ditado popular que diz: “Me diga com quem tu andas e te direi quem tu és”. Não gosto muito dos ditos populares, mas este em especial traz consigo um entendimento claro e objetivo sobre a formação de nossa identidade. É no caminho, enquanto andamos, que nos constituímos a pessoa que somos; no entanto, o destaque não está para o caminho em si, mas para com quem andamos no caminho. Uma vez que a vida é marcada por muitos encontros, muitas trocas relacionais; uma vez que somos humanos, portanto, criados para nos relacionarmos; com quem andamos nos define, assim como contribuímos para a definição da identidade de outros. Há um atravessamento de forças em duas direções, portanto, estamos no movimento da atividade e da passividade; influenciamos e somos influenciados. Sendo assim, com quem andamos diz muito sobre nós.
O grande projeto de Deus para nós, é que estejamos em conformidade com seu Filho Jesus Cristo, no entanto, ser parecido com Jesus, pressupõe aprender, antes de tudo, a andar com Deus. Enoque aprendeu bem esta lição, ele andou com Deus e consequentemente alcançou o coração do Pai e o agradou.
Andar com Deus é o maior desafio da vida, pois tudo em nós, uma vez que somos marcados pelo pecado adâmico, anda na contramão desse desafio. Quando olhamos para a relação do homem com Deus no cenário que antecede ao pecado, o que vemos é intimidade plena e absoluta entre Deus e o homem. Deus passeava no jardim com Adão e Eva, mas um dia esta busca é atravessada pela fuga, pois o pecado definitivamente entra na raça humana - “E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.” (Gênesis 3:8). Mas diante de tudo isso, me impressiona a persistência de Deus e seu grande amor por nós, pois desde então, e ainda hoje, Ele, o Senhor deseja relacionar-se conosco e nos convida em todo o tempo: “venha andar comigo”. Enoque, o sétimo homem de uma geração corrompida, resgata, com sua postura carregada de fé e temor a Deus, o princípio da intimidade, perdida no Éden. O que havia de diferente em Enoque em comparação a Adão ou mesmo Caim? Eu diria: o coração. Enoque amava a Deus, e contrariando a realidade corrompida de sua geração, decidiu andar e viver acima da média. Uma postura de tamanha nobreza espiritual, só sé possível quando aprendemos a valorizar a Deus acima de tudo e entendemos que o seu amor é melhor que a vida. Só investimos tempo, só nos dedicamos àquilo que ocupa, no nosso íntimo, um status de valor para nós. Admiro-me com o que diz o salmista - “Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão.” (Salmo 63.2-3). É preciso ter fé para viver nesse padrão, é preciso ter muita fé para andar com Deus em intimidade. Aliás, andar com Deus é a mais extraordinária prova de Fé. É como dizem as Escrituras: “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” (2 Coríntios 5:7). A fé nos possibilita essa caminhada! Outro grande fator, além da valorização da presença de Deus, é a negação do nosso caminho. Mas como negar o que amamos, como negar o que desejamos, como negar o que toma assento no trono no nosso coração? Só mesmo morrendo, somente tomando a cada dia nossa cruz - “Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9:23). Andar com Deus torna-se uma contravenção aos desejos carnais, é um verdadeiro insulto ao nosso projeto de ser feliz à nossa maneira. Andar com Deus só é possível, quando somos capazes de abrir mão dos nossos sonhos para abraçar os sonhos de Deus, sem reservas, sem volta, sem saudade. Somos livres, e podemos seguir nossos caminhos, mas não podemos nos esquecer que “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” (Provérbios 14:12) e ainda lembrar a nós mesmos que “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). Quer viver sem enganos, sem falsas esperanças, sem ilusões? Então você só tem uma saída: ande com Deus!
Fomos criados para o louvor da glória de Deus, esse é o propósito. Deveríamos ser uma canção de amor a Deus, “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.” (Efésios 1:4-6). Ande com Deus e não olhe para trás, porque "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". (Lucas 9:62).
Voltando ao princípio já citado: com quem andamos diz muito sobre nós. Então, ande com Deus e te dirão: Você parece com Jesus!

“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água.” (Salmos 63.1).

Pr. Hilquias

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nossa Bandeira

“E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira.”
(Êxodo 17.15)

Todos nós, indistintamente, enfrentamos ao longo da vida, muitas batalhas. O que nem sempre fica claro é: contra quem lutamos e ao lado de quem lutamos; quem são nossos adversários e quem são nossos aliados. A falta de discernimento nos campos de batalhas da vida nos levam a levantar bandeiras erradas, a defender causas erradas e a lutar sem direção.  Moisés sabia com quem estava lutando, ele sabia que Amaleque era seu grande adversário e sabia que o Senhor era seu grande aliado; aliás, mais que simplesmente um aliado, era sua fonte de força e poder, sua condição para a vitória.
Uma bandeira é carregada de significados e sentidos para um povo. Uma bandeira é uma espécie de memorial que representa as lutas e conquistas, que diz sobre seus sonhos, suas histórias, suas marcas, suas glórias. Ao ser hasteada, uma bandeira ergue o sentido de uma nação. Quando Moisés declara: “O Senhor é minha bandeira”, ele está dizendo: O Senhor é quem me dá sentido, Ele é a minha vitória, é a minha glória. Nossas batalhas não são vencidas por estratégias ou forças humanas, mas pela graça e poder de Deus. Já dizia Salomão: “Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do SENHOR vem a vitória.” (Provérbios 21:31). Ir ao campo de batalha é tarefa nossa, lutar é nosso dever, mas a vitória sempre virá do alto, sempre será dispensação do trono de Deus.
Antes de declarar que o Senhor era a sua bandeira, Moisés edificou um altar ao Senhor. No Reino de Deus o altar é a prerrogativa para a vitória. Não faz sentido bandeiras erguidas com altares caídos. É na devoção que nossa vitória começa; é na vida de adoração que nossos inimigos caem; é na dependência de Deus que encontramos forças para lutar. Se queremos erguer bandeiras de vitórias, então é fundamental colocar fogo no altar e prepará-lo para o sacrifício. É bom lembrar do que o apóstolo Paulo nos diz: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.” Acenda a chama da devoção a Deus e se ofereça a Ele como sacrifício vivo, santo e agradável e não será difícil passar pelos campos de batalhas e subir ao cume de um monte e comemorar a vitória.  “O Senhor é a nossa bandeira”.

“Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:57)

Pr. Hilquias