“Convém também que
tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no
laço do diabo.” 1 Timóteo 3:7
A destituição gradativa e sutil
das figuras de autoridade em nossa sociedade tem provocado o desaparecimento da
salutar prestação de contas. Se em um primeiro momento tínhamos “senhores” e a
estes devíamos submissão, obediência e transparência; nesse momento, o que
temos como valor balizador das relações é a autogestão da vida, pois nos
tornamos senhores de nós mesmos e afirmamos, como homens livres que acreditamos
ser: “da minha vida cuido eu”. Não
admitimos mais que nossas escolhas, postura diante da vida, valores, crenças sejam
julgados ou sujeitos às opiniões alheias. Se “a vida é minha” e “dela
cuido eu”, logo surge como valor implícito, a dificuldade em me perceber
como parte de um grupo, pois a única ótica possível é a da vida não tutelada,
mas livre de amarras e julgamentos. Fazendo uso de um pensamento de
Lévi-Strauss: “O Ego humano nunca é
autônomo, não existe um “Eu” que seja parte de um “Nós” e, de fato, todo e
qualquer “Eu” é um membro de muitos “Nós”. Em outras palavras, só existimos
no encontro com a coletividade e alienar-se desta realidade é se desumanizar. O
que tudo isso tem haver com o conselho do apóstolo Paulo à Timóteo? Eu digo que
tem tudo haver, pois o desafio de ter um bom testemunho para os de fora,
significa afirmar que a opinião daqueles que me cercam é importante, ou mesmo,
indispensável para a fé cristã e isso tem a implicação direta de prestação de
contas do que faço. O meu testemunho é um grande divisor de águas entre ser um
instrumento de salvação ou escândalo (e consequentemente perdição). Cristo não
é conhecido por meio de discursos inteligentes ou oratórias eloquentes, mas
pelo o que Ele é em nós, por sua vida e manifestação em nós e disso temos que
testemunhar. Estamos sujeitos a muitos olhares, a observações cuidadosas e uma
expectativa de Deus a nosso respeito é que, olhando para nós, o mundo possa ver
seu Filho Jesus Cristo. Isso não quer dizer que somos cativos da reputação ou
da opinião alheia, mas que a consideramos; e que sobretudo nos importamos com a
opinião de Deus a nosso respeito. O que sou diante de Deus, tem implicação
direta na minha vida publica, logo, no meu testemunho. Não somos livres para
fazermos da vida o que bem entendermos, pois não nos pertencemos a nós mesmos,
pois “por bom preço fomos comprados” (1
Coríntios 7:23ª). Somos de Jesus, logo não somos senhores de nós mesmos, mas
escravos da graça de Deus, convocados à testemunhar. Como discípulos de Cristo,
somos desafiados a abdicarmos de nossa vontade
imperfeita e acatar a vontade de Deus, absoluta e perfeita. O verdadeiro
discípulo, é aquele que devolve a Deus toda a sua liberdade e vive não mais
ele, mas Cristo nele. Da nossa vida cuida Deus!
Pr. Hilquias Fábio
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