O pastor e educador Charles Swindoll, afirma em uma de suas obras que presentear é uma das linguagens do amor. De fato quando amamos presenteamos, e quando presenteamos declaramos nosso amor. Por trás da tarefa de escolher um presente, pensar na hora certa da entrega, o que escrever no cartão; está a revelação do amor, do carinho, da importância que a pessoa presenteada ocupa na vida de quem presenteia; seja um filho, uma esposa, um amigo. Mas, no contexto em que estamos vivendo, em que os vínculos entre aqueles que se amam é cada vez menor; o tempo gasto em convivência reduzido ou quase inexistente; os momentos de trocas, encontros, diálogos, brincadeiras, cada vez mais raros; o ato de presentear começa a ser questionado em termos de motivação e propósito. O sociólogo Zygmunt Baumam em A Arte da Vida, afirma que muitos compram “presentes caros para os entes queridos como compensação pelo pouco tempo que passam juntos ou pela raridade das oportunidades de falarem um com o outro, assim como pela ausência, ou quase ausência, de manifestações convincentes de interesse pessoal, compaixão e carinho.”
Os presentes têm deixado de ser uma linguagem de amor, para torna-se uma moeda de troca. Troco minha ausência por um playstation 3; minha indiferença por uma moto; meu descaso e frieza por um jogo de panelas; a falta de abraços e sorrisos por uma viagem ao exterior; minha distância por uma televisão 3D e assim vou barganhando com o meu fracasso enquanto gente, que deveria dar ao seu igual, mais do que presentes, presença .
Presentear nem sempre comunica amor, mas vazio relacional, afetivo. A arte de presentear deveria ofertar junto com o presente o melhor de nós; de nosso amor, de nosso carinho, de nosso tempo; mas ao contrário, no mundo em que correr e ganhar dinheiro é a palavra de ordem (até porque temos que preparar o nosso futuro), não temos tempo pra ser, mas para dar. Então se não consigo ser marido, pai, mãe, amigo, irmão, então dou alguma coisa, comprada às pressas num shopping famoso, de uma grife famosa e fica tudo bem. Será?
Na verdade nosso grito não é por mais um presente, mas certamente por presença, tempo de qualidade com aqueles que amamos. Tome cuidado com os seus tesouros, pois como afirma a Palavra de Deus: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mateus 6:21
É importante termos o discernimento sobre quem e o que tem ocupado as primícias de nosso tempo e, portanto, a prioridade de nossa vida. Nada substitui um abraço, uma brincadeira com um filho, um sorriso gostoso compartilhado com um amigo, um gesto de amizade a um vizinho, um beijo na bochecha rosada de uma filha, um olhar significativo para um esposo. Gente precisa mais do que de presentes, gente precisa de gente.
“Só podemos dizer que estamos vivos nos momentos em que nosso coração tem consciência de nossos tesouros.” Thorton Wilder
“No fundo de cada alma há tesouros escondidos que somente o amor permite descobrir.” Autor desconhecido
Pr. Hilquias
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