segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E SE EU FRACASSAR?

     A vida, como a conhecemos, foi feita para dar certo. Parece impossível ou extremamente difícil ter que admitir qualquer tipo de erro. Na ideologia capitalista, somente os fortes, os preparados, os eficientes podem chegar ao pódio da vida. O conceito predominante não é de homem-gente, mas de homem-máquina, programado desde a mais tenra idade para produzir a qualquer custo. 
     No campo da fé, de forma sutil, tal discurso se apresenta maquiado de piedade. Homens e mulheres de Deus, fiéis, sinceros, justos precisam ter uma vida de sucesso, sem jamais esboçar qualquer tipo de cansaço. A palavra fracasso parece não combinar com fé. Mas esta não é a verdade sobre nós. Somos fundamentalmente humanos, essencialmente limitados, marcados por condições sempre aquém do perfeito. É obvio que não estamos sozinhos, nem desamparados; nem ao menos devemos entender o fracasso como fim da linha ou derrota; como afirma Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo” (João 16.33). No entanto, existe uma distancia abismal entre não admitir fracassar e ter a certeza da graça de Deus sobre nós, que nos põe de pé quando caímos. É o que ouve o apóstolo Paulo da parte do Senhor, ao ter negado seu pedido de ser liberto de um tal ‘espinho na carne’: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Coríntios 12.9a). A partir da aceitação dos mistérios de Deus, Paulo prossegue e declara: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12.9b). 
     Homens e mulheres de Deus, ao contrário que muitos imaginam, precisam lidar com múltiplas limitações e mesmo diante delas manter a convicção inabalável que estão debaixo do controle soberano de Deus. Como afirmam as Escrituras: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus...” (Romanos 8.28), isto inclui nossos fracassos. O maior desafio não é ter fé quando tudo der certo, mas continuar amando a Deus, sendo-lhe fiel e não perdendo o foco, quando tudo desmorona. 
    Precisamos acordar de uma vez por todas e recuperar a sanidade espiritual, que nos permita uma visão coerente a respeito de quem somos; “pois Ele (Deus) conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.” (Salmo 103.14). Negar nossa condição humana, tentando nos impor e impor aos que nos cercam uma posição de imunidade diante das mazelas da vida, é antes de tudo, ignorância bíblica e na melhor das hipóteses, loucura. 
     Se a vida não incluísse limites, que sentido teria a fé? Como diz a Bíblia: “...sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hebreus 11.6); para além de um desafio, que nos force a nunca duvidar do poder de Deus, esse texto nos adverte para o que é viver. Viver é também ser confrontado por nossas limitações. Se admito que preciso crer, que preciso buscar respostas do alto; admito consequentemente que tenho meus limites, que não sou capaz de fazer a vida funcionar por mim mesmo. 
     Um ser-humano vitorioso no mundo espiritual, não é aquele que sempre vence, mas aquele que permanece amando a Deus nas vitórias e nas aparentes “derrotas”. É preciso fé para remover montanhas, mas é preciso muito mais fé para continuar andando com Deus na ausência de respostas, na dor, nas perdas, nos “fracassos”. Se tem um texto que exprime bem o sentido dessa reflexão é Habacuque 3.17, 18. Ele diz: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado; todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.”

E se nós fracassarmos? E se tudo der errado? Ainda temos o Senhor! 

Quem tem Jesus, tem o melhor da vida!

"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti".  (Salmo 16.2)

Pr Hilquias 

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