Um dos caminhos mais difíceis de ser percorrido é o da auto-análise ou auto-avaliação. É relativamente fácil emitirmos nossa opinião sobre o outro, mas dizer a verdade sobre nós mesmos é simplesmente desconfortável e desafiador. Como diz Paul Stevens: “Dizer a Deus toda a verdade sobre nós mesmos é um milagre”.
Quando o nosso olhar é direcionado para fora, as palavras ganham um tom de facilidade; mas se nosso olhar faz o caminho inverso e começamos a olhar para dentro de nós; as palavras pesam, se desorganizam, fogem. Então sobra fugirmos; e não se trata de uma fuga qualquer, mas de uma tríplice fuga: fugimos de Deus, dos outros e nós mesmos.
Fugimos de Deus, porque é difícil encarar alguém que sabe tudo sobre nós; que conhece nosso íntimo; que vê o coração - “...O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração.” 1 Samuel 16.7. É difícil ter que olhar para alguém que antes da palavra chegar à língua, já as conhece; que esquadrinha nosso andar e deitar. Diante dEle todas as coisas estão descobertas e patentes; então, se não queremos saber sobre nós, resta-nos a tarefa de fugirmos, mesmo que a posteriore tal fuga não nos conduza a lugar algum.
Fugimos do outro, porque se firmamos alianças, estreitamos amizades, estabelecemos vínculos de afeto, logo comprometemos nossa privacidade. Quanto mais perto alguém estiver, quanto mais íntimo for, maior chance ele terá de acessar a verdade sobre nós. Mais uma vez resta-nos fugir, assim “garantimos” a segurança de nossos segredos.
Fugimos de nós mesmos, tememos estar sozinhos, porque se pausamos para refletir, para fazer uma auto-análise; se decidimos não mais nos enganar, e nos propomos a rasgar o coração e não negociar a verdade; se assumimos a postura de enfrentamento sobre quem somos; corremos o risco de descobrirmos e enxergarmos o que não gostaríamos de atestar: nossos fracassos, nossos pecados, nossas mazelas. Então, se não somos capazes de lidar com a verdade sobre nós; resta-nos outra vez fugir.
Mas até quando seremos capazes de sustentar uma vida em fuga? Jacó decidiu parar de fugir e encarar uma realidade dura, uma realidade que revelava um homem usurpador, com defeitos de caráter que se arrastava por anos. Era tempo de concertar as coisas e mudar de vida. Então Deus o levou ao Vau de Jaboque e lá esteve só. Sem ninguém por perto, Jacó rasgou o seu coração e disse, respondendo a pergunta do anjo: “me chamo Jacó”, em outras palavras, ele estava confessando: “sou trapaceiro”. O milagre na vida de Jacó começou quando ele resolveu dizer toda a verdade sobre si mesmo a Deus. Ele decidiu para de fugir, decidiu direcionar seu olhar para dentro de si, reconhecer seus limites e pecados e esperar por um milagre da parte de Deus - “Não te deixarei ir se me não abençoares” Gênesis 32.26. De Jacó (trapaceiro), passou a se chamar Israel (príncipe de Deus). Ninguém muda de vida fugindo, mas no enfrentamento, por mais duro que pareça.
Quer um milagre? Quer mudar de vida? Para de fugir e confesse toda a verdade sobre si mesmo a Deus.
“Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.” 2 Coríntios 13.8
“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” Provérbios 28.13
Pr. Hilquias
Nenhum comentário:
Postar um comentário